Elo é um substantivo masculino que significa, entre outros sentidos, ligação, união, continuação. Com a criação do projeto “Elos – Uma História Sem Fim…”, o setor de Comunicação Social vai interagir diretamente com beneficiários e colaboradores que aqui circulam.
Mas não é só isso! O nosso setor vai em busca de ligações das pessoas com a ACADEF. De que forma nos unimos? Qual é a sua ligação com a ACADEF? Não o que você faz aqui, mas o que te marca aqui? Que marca você deixa aqui? Como você muda a vida das pessoas que por aqui passam?
Com objetivo de humanizar ainda mais a nossa instituição, assim como de proporcionar reflexões em cada pessoa que transitar por aqui, independentemente de quem for.
O dentro e fora da ACADEF estão ligados. E você? De que forma estabelece este elo?
A decima quinta Edição do Projeto Elos
É com Rosângela de Oliveira
Assista ao vídeo no final da página.
Apresentaremos a história de vida da fundadora e Presidente da ACADEF.
ELOS ROSÂNGELA DE OLIVEIRA
Aos 2 anos, Rosângela de Oliveira, 57, foi diagnosticada com poliomielite. A convivência com a doença a impediu de caminhar, e até mesmo sair de casa, devido à sua condição e também por não ter uma cadeira de rodas para se movimentar. “Nunca fui tratada como pessoa com deficiência pela minha família, ajudava a cuidar dos meus irmãos, mas ficava só dentro de casa e brincava de boneca”.
Quando completou 15 anos, Rosângela precisou passar por uma cirurgia, nesta época quem a levava a todos os lugares era a mãe que a carregava no colo. No hospital, ela conheceu uma freira que lhe falou sobre pessoas com deficiência que se encontravam para conversar em uma Igreja de Canoas. A senhora ficou com o endereço de Oliveira e informou de que logo o grupo lhe faria uma visita.
E a borboleta abandonou o seu casulo…
Se tratava da Fraternidade Cristã de Doentes e Deficientes, um movimento de pessoas com deficiência que se encontravam na igreja matriz de Canoas para rezar e socializar. Rosângela conta que toda a vez que um representante da FCD ia até a sua casa, ela se escondia. Até que um dia, a mãe lhe dedurou e ela aceitou ir à um encontro do grupo. “Fui contra a minha vontade, cheguei lá e os encontrei… eles contavam histórias de quando iam no cinema, de quando saíam e quando fui embora eu falei: ‘ mãe, eles vão ao cinema! ’. Eu adorei, pois ia poder viver várias coisas”, disse Rosângela.
Rapidamente, ela fez amizade com os participantes da Fraternidade, principalmente, com Ivo Lech e Suzana Cardoso. Nesta mesma época, também começou a utilizar a cadeira de rodas. Alguns meses após o ingresso no FCD, os colegas de Fraternidade resolveram matricular Rosângela em uma escola, pois, ela nunca havia tido a oportunidade de estudar. Na infância, uma professora a rejeitou por causa de sua deficiência, e tudo o que a jovem sabia sobre ler e escrever havia aprendido com uma vizinha.
Pouco tempo depois, adentrava ao grupo Jorge Cardoso, que se juntou ao trio. Esta união gerou bons resultados. “ O Jorge era cheio de ideias e então decidimos fundar a ACADEF ”, revelou.
O ELO com a ACADEF: A Fundação da Associação Canoense de Deficientes Físicos.
Rosângela faz parte dos 34 fundadores da ACADEF, pessoas que no dia 20 de maio de 1984, decidiram apoiar uma causa que traria melhoria de vida para as pessoas com deficiência, o que ela relembra com carinho: “Passávamos muitas dificuldades no início, então tivemos a ideia de fazer uma festa e arrecadar dinheiro, aos poucos fomos crescendo”.
Logo após a fundação, Rosângela começou a trabalhar ao lado da ACADEF, e com o tempo, uma grande vontade foi florescendo dentro de si: ela queria ser mãe. “Sempre que consultava, os médicos diziam que eu não poderia ter filhos por causa da minha deficiência, mas quando conheci o meu ex-marido, depois de um tempo engravidei”.
A Acadefiana realizou o seu sonho duas vezes, e apesar do preconceito e das dificuldades conseguiu criar os filhos Andrielly, 17, e Denzel, 16, com muita dignidade e alegria.
“Eles me defendem dos preconceitos e dizem que tem orgulho de mim”, disse.
Uma vez Acadefiano, sempre Acadefiano
Após 18 anos trabalhando na associação que fundou, Rosângela seguiu novos rumos ao lado da FADERS (Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para PcD e PcAH no RS), onde se encontra trabalhando até hoje. A rotina e a vida pessoal, acabaram a afastando das demandas da ACADEF. Porém, no ano de 2020, após ter se candidatado à presidência da Associação, ela foi eleita, e retornou à rotina nas terras acadefianas.
“Estou mais presente e isso é muito bom, estou vivendo um bom momento. A ACADEF é uma família, espero que cresça cada vez mais, que continue com esse trabalho, que não deixem isso morrer, que abracem a causa”.
Rosângela é uma das responsáveis por criar uma entidade que representa o segmento da pessoa com deficiência. A sua ida naquele encontro do FCD, resultou na sua mudança de vida e na reabilitação de pessoas de todo o estado do Rio Grande do Sul.
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